quarta-feira, junho 30, 2004

Hybris

O professor de filosofia tem falado muito em hybris, uma palavra grega que sifnifica algo como "exagero", "desmedida". Para os gregos, qualquer um que exagerasse em uma característica (tanto positiva quanto negativa) comprometia o equilíbrio das forças da natureza e era eliminado através dos deuses. A abundância conduzia à hybris e a hybris à ruína.

Semana passada, eu experimentei na pele o modo de vida grego. Estava na faculdade e tinha desistido de ir à aula de estatística em outro campus (era véspera de feriado) quando começou a chover. Enquanto eu voltava para casa, outros três colegas mais aplicados resolveram enfrentar a chuva. Como o meu caminho era muito mais curto que o deles e a chuva não estava assim tão violenta, resolvi emprestar a minha sombrinha e me molhar um pouco para ser legal com o próximo.

Ao fazê-lo, sem querer, fui gentil demais e provoquei uma desarmonia no cosmos. A chuva mediana se transformou um temporal com pingos grossos e pesados, o ventinho fresco progrediu para uma ventania gelada e a ladeira que separa São Lázaro da minha rua se transformou num tobogã. Resultado, vim derrapando de lá até chegar no plano, onde muitos carros velozes fizeram o favor de me sujar inteira de lama. Cheguei em casa parecendo que tinha entrado no chuveiro de tão encharcada. Isso aconteceu na terça-feira que antecedeu o recesso de São João.

Na segunda seguinte, volta às aulas. Os colegas esqueceram de levar meu guarda-chuva, mas os deuses foram misericordiosos (ou erraram os cálculos) e não choveu. Terça-feira, esqueceram de novo e a paciência dos deuses acabou. Enquanto eu voltava para casa, uma chuva instatânea se formou assim que eu saí da área coberta. Como estava num campus que é mais longe de casa, caminhei 15 minutos levando água na cabeça e outros 15 me esforçando para andar com a porcaria da calça jeans que dobrou de peso. Hoje (quarta), mais banho. Saí 7:00 da manhã de casa, debaixo de uma chuva fininha, devidamente acompanhada por um vento forte e gelado. De novo, a droga da aula era no PAF e lá fui eu, meia hora curtindo aquele pingos finos e irrritantes que serviram para inchar ainda mais o meu caderno e molhar meu casaco novo.

Graças a Zeus, quando cheguei na aula, me devolveram o bendito guarda-chuva. E eu me prometi que nunca mais vou ser excessivamente gentil com ninguém!

p.s.: Eu também devo ter feito alguma coisa extrema em relação à sociologia porque, desde que as aulas começaram, o professor parece estar tirando uma com a minha cara. No primeiro dia, disse que faria chamada pontualmente às 7:30 e não tiraria faltas dos atrasados. Nas três primeiras aulas, apareci na faculdade pontualmente e ele só fez chamada no final. Nos dias seguintes, cheguei um pouco atrasada e o filho de uma mãe já tinha feito chamada (e não tirou minhas faltas). Hoje, cheguei na hora, apesar da chuva e, que lindo! Ele tirou as faltas de quem chegou atrasado no fim da aula! Sem contar que eu me voluntariei para fazer um seminário junto com outros colegas e adivinhem o texto que ele escolheu pra mim? "Física e Psicologia no século XX: uma nova visão". Sem comentários...
p.s. do p.s.: Para quem não sabe, eu ODEIO física, sempre foi a minha PIOR matéria! Das quatro notas vermelhas que eu tirei na vida, duas foram em física!

sábado, junho 19, 2004

O MEU AMOR...

Gente, mil obrigadas por todos os parabéns! Para quem não sabe, meu aniversário foi dia 17. E foi muito bom, muitos abraços, muitas homenagens, muita gente fofa...

Mas já passou! E hoje é uma data igualmente especial. É o aniversário de um dos grandes responsáveis por tudo que eu sou hoje e pelo que quero ser quando crescer.

Chico, eu te amo! Parabéns! Você é um dos homens mais importantes da minha vida, e da vida da música!

Comemorei com a minha preferida no flog ("Eu te Amo", uma parceria com o Tom Jobim) e aqui vou mandar uma das canções mais sensuais já escritas nesse mundo de meu Deus. Dedico ao Chico e ao Jureba, os meus amores.


O Meu Amor
(Chico Buarque/1977-1978. Para a peça Ópera do malandro, de Chico Buarque)

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada, ai

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos
Viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo
Ri do meu umbigo
E me crava os dentes, ai

Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca
Quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba malfeita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita, ai

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios
De me beijar os seios
Me beijar o ventre
E me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo
Como se o meu corpo fosse a sua casa, ai

Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz

terça-feira, junho 15, 2004

Mudanças no Template

Gente, desculpa pela ausência. Ando meio ocupada com a faculdade o que é simplesmente MARAVILHOSO! Já tinha esquecido o quanto é bom se ocupar com uma coisa que você gosta e que desenvolve sua capacidade intelectual! Aaaaaaahhhh... Tomara que essa lua-de-mel acadêmica não termine nunca!

Bom, pra começar, adicionei duas pessoas à minha lista de "novos amigos", a Tati Balé e o Gato Tobias. A Tati é uma menina linda e fofa que já devia estar aí há muito tempo, mas eu sempre enrolo décadas antes de mexer no template por pura preguiça... Bem vinda, Tati! Já o Blog do Gato Tobias me interessa porque tem textos maravilhosos, bem puxados pro lado da ciência e filosofia, que acabam me servindo como inspiração e estímulo. Recomendo os dois, a Tati e o Gato.

A outra mudança é um quadradinho com o nome "Turmaluka" aqui do lado. Para quem não conhece, a Turmaluka é uma associação de amigos virtuais das mais loucas que existe. Sou parte dela há mais ou menos 5 anos e morro de orgulho disso. Começou com um grupo de loucos na sala de Jogos e RPG do UOL, evoliu pra uma lista de discussão própria e hoje é uma comunidade espalhada por todos os cantos do país, com alguns membros em outras partes do mundo.

A maioria do pessoal da Turma é de Sampa, por isso acabo ficando meio por fora dos encontros "de verdade" e participo muito mais do virtual. Mas toda vez que eu vou para São Paulo visitar meus avós, faço QUESTÃO de encontrar a galera, ir pra balada, pegar um cinema, brincar no Ibirapuera...

Esse post é um convite oficial a todos os bloggers e floggers que conhecem 3982392 turmalukos, adoram passear com a gente, não perdem a oportunidade de teclar conosco, mas, por algum motivo obscuro, não entram no grupo oficialmente (talvez seja medo do trote). Sendo um pouquinho mais direta, Nabucodonosor, Abelhinha X e Fê Ruça, tomem vergonha na cara, apertem o link "grupo" dentro do box turmaluka e façam o que vocês já deveriam ter feito há alguns milênios.

E se você não é rpgista, blogger, flogger, nem nada que o valha, pode se sentir à vontade para fazer o mesmo. A Turmaluka é uma comunidade aberta para todas as pessoas que gostam de outras pessoas.

Galera, open up your hearts and let the sunshine in!

segunda-feira, junho 07, 2004

Coisas que eu fiz na Calourosa:

- Ganhei uma mochilinha com o zíper quebrado;

- Passeei pelas banquinhas de todos os cursos com meus coleguinhas futuros-psicólogos;

- Ganhei 218321098302193 panfletos;

- Fundei um partido totalmente niilista e iconoclasta que vai de encontro a toda e qualquer idéia apresentada, não importa por quem;

- Não encontrei o stand da Psico Júnior (empresa Jr de Psicologia da UFBA);

- Me perdi do grupo umas 10 vezes e passei a maior parte do tempo rodando sem rumo com Sabiá (colega de cursinho e faculdade) em busca dos nosso iguais;

- Saí pedindo dinheiro para o porquinho do D.A. de psicologia, alegando que ele tinha a mãe doente e precisava comprar remédios;

- Cantei acompanhando um colega ao violão para arrecadar mais dinheiro para o porco;

- Comprei uma camisa do curso com os dizeres "É inútil dormir que a dor não passa" (do Chico, pra quem não lembra);

- Encontrei o meu namoradinho que chegou exausto do estágio e reclamou do preço da festa (2 kg de alimento);

- Comi um acarajé (e passei a noite arrotando guturalmente porque a baiana maldita estava malignamente reutilizando dendê);

- Assisti a um batuque colombiano e tentei contribuir com os caras, mas não consegui porque o guapo que estava passando a cestinha se encantou com uma americana e não saiu do lado dela;

- Passei uma hora esperando pelo show e ainda tive que ouvir discursos de líderes de todos os sindicatos do mundo;

- Quase tive um treco vendo Mario Ulloa (um dos maiores violonistas daqui) fazendo dueto com Armandinho (eles tocaram de "Oceano" a "Bolero de Ravel");

- Dancei e ri horrores no show de Tom Zé (recomendo fortemente);

- Saí mais cedo do que gostaria para acompanhar o namoradinho em uma festa.

quarta-feira, junho 02, 2004

Início

Sim, minhas aulas finalmente começaram! E apesar da ameaça de uma nova greve pra esse mês, estou super feliz. O sentimento de comunidade entre os alunos do meu campus é muito absurdo. Eu me sinto num universo paralelo, uma cidade dentro da cidade... É demais!

São Lázaro é o campus mais carente de cuidados da UFBA. É a sede dos cursos de Sociologia, Filosofia, Ciências Sociais, História e Psicologia. Os prédios estão caindo aos pedaços, as salas de aula são bem precárias e nem vou me dar ao trabalho de comentar a estrutura tecnológica. Ainda assim, eu adoro estar ali, naquele lugar cheio de verde, com gente verdadeiramente jovem.

A recepção aos calouros está sendo ótima. O DA de psicologia está se esforçando muito para nos apresentar o campus e nos ensinar um pouco sobre o que vamos viver nos próximos cinco anos. De vez em quando, nos reunimos ao pessoal de História para assistir palestras. Já ouvi sobre luta anti-manicomial, formação do psicólogo, reforma universitária...

E o melhor de tudo até agora, foi a conversa que tivemos hoje com o Professor Marcus Vinícius. Ele contou um pouco sobre a história da psicologia no Brasil e falou sobre o papel social da nossa profissão. Ouvir que "existem coisas mais interessantes para um psicólogo do que tratar dos problemas existenciais da elite" me fez ter a impressão de que dessa vez eu fiz a escolha certa. Tomara que sim.

p.s.: Eu ia deixar o post pra amanhã, pra comentar o jogo da Seleção Brasileira contra a Argentina, mas acho que isso pode esperar. Até porque eu vou precisar de um tempo para me recuperar do(a) ódio/euforia/frustração/tédio/histeria antes de escrever alguma coisa.

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Update

Brasil x Argentina é sempre um sofrimento!!! E viva Ronaldo, a vaca gorda mais competente da história do futebol!!! Mesmo ele estando magro de novo, vou chamá-lo assim para sempre. Acho que deu sorte. E, como disse o Zagallo, ganhar da Argentina é MUITO gostoso. Aaaaaaaahhhhhhh, maravilha......