quinta-feira, dezembro 27, 2007

São Paulo - Breves Reflexões (parte I)

Por ser a terra natal da mamãe e lar de todo o ramo materno da família, São Paulo é a minha segunda cidade. Costumo passar as festas de final de ano por lá, entre parentes, e sempre aproveito pra conhecer um pouco mais sobre a cidade e tentar me despir desse olhar apaixonado. Porque, vejam bem, eu sou completamente apaixonada por São Paulo. Ao contrário da maioria da população brasileira (incluindo-se aí mamãe), acho a cidade bonita e extremamente agradável. Tenho dificuldade de enxergar os defeitos que todo mundo aponta e não vejo a hora de me mudar para a maior metrópole brasileira.

Como expliquei no post anterior, tive algumas decepções dessa vez. Foram duas experiências de atendimento ruim (uma justificável, outra não) e muitos motoristas mal educados. Mas acabei percebendo que aqueles episódios eram exceções e até o final da viagem, só tive boas experiências. Também enfrentei o infame calor paulistano e dei de cara com estabelecimentos fechados (Fogo de Chão e Pain et Chocolat), o que eu, sinceramente, nunca esperaria. Mas, enfim, tudo bastante "tolerável".

Estava pensando nesses incovenientes enquanto esperava as malas aparecerem no aeroporto de Salvador quando, de repente, uma senhora que falava ao celular com sotaque obviamente soteropolitano puxou uma mala imensa da esteira. Não precisa ser gênio pra imaginar que um braço só não foi o suficiente pra controlar o peso e a mala imensa caiu em cima do meu pai que, por sau vez, quase caiu em cima do meu noivo. Depois de se recuperar do susto, os dois foram ajudar a criatura com a mala e sem nem olhar pra eles, ela fez que "não" com o dedinho e apontou pra outra mala na esteira. Um senhor que estava por perto (aparentemente o marido) pegou a nova mala e foram-se os dois embora e ainda deixaram a bagagem que derrubaram pra gente devolver pra esteira (a anta pegou a mala errada).

São essas coisas que transformam a Bahia num lugar inabitável pra mim. Porque não adianta ter paisagens lindas e uma culinária maravilhosa se a cultura não incentiva o respeito ao espaço do outro, nem o uso das palavrinhas-padrão da civilidade ("com licença", "por favor", "obrigado"). E essa receptividade baiana que todos falam, eu sinceramente, não vejo. De que me vale um completo estranho puxar assunto no ponto de ônibus se essa mesma pessoa vai me dar uma ombrada dali a pouco e não se importar em me pedir desculpas?

De todos os estados que conheci, a Bahia é, de longe, o campeão em grosserias. E eu, que não acho educação uma bobagem, quero mesmo é ir embora pra minha Pasárgada de pedra. Salvador já deu.