quarta-feira, agosto 17, 2005

Mamãe e Skinner

Até pouco tempo, eu tinha um pavor enorme de baratas. Para me ajudar a assassiná-las, mamãe me ensinou que esses assustadores insetos morrem quando entram em contato com álcool. Apesar de procurar não questionar a criatura que me deu a luz, eu procurava evitar seguir esse conselho já que todas as minhas tentativas de colocá-lo em prática tiveram resultados horríveis. As baratas não só permaneciam vivas, como SEMPRE voavam na minha direção, me deixando ainda mais histérica do que o normal.

Pois bem. Aqui em casa é cheio de mini-baratas e não dá pra matar elas com veneno porque temos animais domésticos burros que não sabem distinguir baratas comestíveis das não comestíveis. Fazer dedetização também é complicado porque somos uma família grande e alérgica. Em outras palavras, é o chinelo ou aqueles labirintos da bayer que não dão conta de todas.

Há pouco tempo, resolvi curar do meu medo patológico de baratas colocando em prática algumas coisas que aprendi no meu curso, principalmente relacionadas ao behaviorismo radical (cujo maior teórico é Skinner). Consegui enormes progressos e hoje sou capaz de, além de assassinar baratas a chineladas sem gritar, catar os restos mortais com a vassoura e a pá pra jogar no lixo.

Apenas um desafio me restava: conviver com uma barata viva num recinto por mais de sessenta segundos sem me sentir angustiada ou com medo.

Pois bem. Apareceu no meu banheiro uma barata de 1,5 cm mais ou menos que vivia na parte mais alta da porta (lugar inalcançável para alguém de 158 cm). Achei que aquela era uma oportunidade única para uma aproximação sucessiva. No começo era horrível, sempre achava que a barata ia voar em mim no banho, ou cair na minha cabeça enquanto eu obrasse, mas ela nunca saía da porta. Meses se passaram até que eu finalmente esqueci da maldita e superei quase completamente meu problema com sua espécie.

Hoje, pra comemorar o sucesso do meu auto-tratamento, resolvi matar a barata da porta. Como ela estava num lugar muito alto e eu sou péssima de mira (e também porque eu sou MUITO BURRA), resolvi aplicar a técnica da minha mãe, mencionada no começo do post. Peguei um desodorante velho que estava no armário e sprayzei na barata. A desgraçada não só repetiu a façanha de suas predecessoras (não morreu e voôu na minha direção), como ainda me fez bater com a nuca no pendurador de toalhas. Agora eu estou com uma dor horrível no pescoço, num mal humor desgraçado e não consigo achar a barata em canto nenhum do banheiro pra me vingar!

E agora, diante desse computador, entregue à minha mente errante, eu filosofo: se Skinner fosse minha mãe e minha mãe fosse o pai do behaviorismo radical, eu com certeza ainda estaria com medo de baratas, mas pelo menos não ia estar com um hematoma ridículo do lado esquerdo do corpo por causa de um inseto de menos de 2 centímetros!!!!