quarta-feira, março 17, 2004

Dra. Jesuína é uma mulher de meia idade, cabelos loiros, olhos claros, altura mediana, nem gorda, nem magra. Além de ser bonita, é extremamente sorridente, muito engraçada, um pouco desastrada e espontânea. É daquele tipo de pessoa que pergunta três vezes a mesma coisa, o que a faz parecer desatenta. Mas, ao contrário das aparências, ela é a rainha dos detalhes: tem memória fotográfica, lembra das famílias de todas as pacientes (mesmo que esqueça o nome) e sempre chama a atenção para os efeitos do estado emocional sobre a saúde.

Eu acho ela um pouco parecida comigo e com a minha mãe pelos comentários non sense que costuma fazer. Imaginem alguém olhando para o seu, ahn, interior e dizendo que você está "uma princesinha", ou que seu colo do útero está "lindo, lindo"? Pois é assim que ela fala. E é por causa disso que eu devo ser uma das poucas pessoas do mundo que realmente gosta de ir ao ginecologista (apesar do maldito bico-de-pato).

O que eu queria ter da Dra. Jesuína é aquele bom humor eterno, o amor visível dela pela profissão e o jeito de doce de menina que ela tem. Por favor, não achem que eu sou paciente da Sandy cinqüentona, longe disso. O lado feminino dela não tem nada de frágil e idiota. Ela é uma mulher competente e forte, mas com uma abraço morno e maternal, um sorriso sincero, uma alegria jovem e fresca. Adoro ouví-la fazer comentários insanos, reclamar da minha magreza, dizer que eu pareço ter 15 anos, derrubar uma ou duas canetas, falar da filha e todas as muitas conversas carinhosas que ela costuma ter. Eu que já passei pelas mãos de muitos médicos na vida (graças ao maravilhoso mundo da bronquite alérgica), mas nunca me senti tão bem cuidada.

É fogo. Tanto tempo sendo tratada como mais um número, mais uma pessoa na fila, mais um problema fez com que eu acabasse me acostumando. Ser recebida por pessoas como a Dra. Jesuína, que me tratam como um ser humano, me deixa até sensibilizada.